3 formas de pensar: Como funciona a mente de pessoas com Autismo ?

Barreiras, preconceitos e exclusão social. Tudo isso pode estar presente independente de gênero, classe ou status na vida de uma pessoa com autismo. Essa condição, que afeta uma em cada 59 crianças ainda carrega muitos estigmas relacionados ao seu nome. Mas até onde pode chegar a mente de uma pessoa com Autismo? Como ela pode contribuir com a sociedade? O que o mundo tem para lhe oferecer? Essas perguntas podem sim e devem levar a um outro ponto de vista. Vamos conhecer mais?

Temple Grandin foi diagnosticada com Autismo quando tinha 4 anos de idade. Nessa época, o médico informou que provavelmente ela não iria falar e indicou internação em uma instituição.
Temple chegou ao ensino médio e à Universidade. Porém essa caminhada não foi tão simples. Ela enfrentou barreiras com interação social e a aprovação nas disciplinas dos cursos. Quebradas essas barreiras e já na pós-graduação, Temple desenhou um matadouro que seria ideal para que o gado seguisse o caminho até o abate de forma calma e evitasse desgastes como machucados e mortes inesperadas dos animais – o que era a causa de prejuízos financeiros. Hoje, metade dos matadouros na América do Norte seguem o modelo projetado por Dr. Temple Grandin.
Além de ser especialista em comportamento bovino, Dr. Temple Grandin também realiza palestras sobre o Autismo e foi inspiradora do filme que retrata sua biografia: “Temple Grandin”.

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Dra. Temple Grandin, professora de ciências animais na Universidade Estadual do Colorado, posa em seu sistema de manejo de gado depois de lecionar uma aula na universidade. (Foto de Alison Bert)

Essa e muitas outras histórias fazem parte da realidade de algumas pessoas diagnosticadas com Autismo. Satoshi Tajiri, o criador de “Pokemon” e Dan Aykroyd, escritor e autor indicado ao Oscar, também diagnosticados com Síndrome de Asperger (uma forma mais leve de autismo) se destacaram no cenário da fama.

Modelos como esses, nos inspiram e nos mostram até onde pessoas com autismo podem chegar. Apesar de muitas barreiras que encontram em suas vidas, são muitos os talentos que essas pessoas apresentam:

  • Podem ter memória muito boa
  • Podem ser detalhistas
  • Podem ser muito bons no pensamento visual
  • Podem ser dotados em 1 ou mais assuntos
  • Geralmente são honestos
  • São ligados a regras e não infringem leis
  • São pontuais e seguem cronogramas

Temple Grandin, em seu livro “Pensando em imagens” descreveu que existem três tipos de mentes autistas, sendo elas (1) pensadores por imagens “picture thinkers”; (2) pensadores por padrão “pattern thinkers”; (3) pensadores em palavras de fato “word-fact thinkers”.

O primeiro, diz respeito às pessoas que pensam por imagens e não por um pensamento verbal (em palavras). Essas pessoas, segundo ela, não apresentam grandes habilidades com matemática.

O segundo tipo de mente, por sua vez, é o de pensadores mais abstratos, com habilidades para matemática e música. Frequentemente, pessoas com autismo com esse tipo de mente pertencem às profissões de engenharia e programadores de computadores.

O terceiro tipo, por fim, é caracterizado como os pensadores capazes de recitar todo o diálogo de um filme mas com pobres habilidades para desenhar.

Cada um desses três tipos de mentes destacados possuem altas habilidades em um aspecto específico, porém apresentam pobre habilidades em outros. Isso mostra as particularidades de cada indivíduo como algo a ser identificado, incentivado e explorado.

Baron-Cohen, um importante pesquisador nessa área, bem explicou:

“Para mim, o ponto de virada foi quando um homem me disse
que ter autismo era como ser um peixe de água doce em água
salgada. Nesse ambiente, eles são inválidos. No ambiente
certo, a deficiência diminui e eles não apenas desabrocham,
mas podem realizar seu potencial.”

Portanto, as pessoas e o ambiente também devem estar abertos a diversidade para se adequar às necessidades de cada pessoa com autismo. Somente assim poderemos conviver em uma sociedade mais justa e igualitária.

Se você se interessou por esse assunto sinta-se à vontade para me enviar uma mensagem ou deixar seu comentário. Terei prazer em responder.

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Ana Gabriela é fonoaudióloga, mestre em psicologia do desenvolvimento e aprendizagem e pesquisadora no Marcus Autism Center (Emory University).

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