Como disciplinar na adolescência?

Muitos pais apresentam dificuldades em conversar e estabelecer uma rotina familiar uma vez que seus filhos, já não mais crianças, apresentam suas próprias vontades e não estão mais tão sujeitos às regras como antigamente.

Dentre as causas que podemos destacar como gatilhos para maus comportamentos na adolescência, encontram-se um modelo permissivo ou punitivo em excesso utilizados durante a infância.

A punição, que pode ser útil momentaneamente no sentido de cessar o comportamento, é seguida por 4 efeitos:

1- Rebelião – “Eu vou mostrar a eles que posso fazer o que quero”

2- Ressentimento – “Isso é injusto, não posso confiar em adultos”

3- Esquiva – “Vou me esconder ou mentir”; “Não serei pego na próxima vez”

4- Vingança – “Eles ganharam agora mas na próxima vez vou fazer pior”.

Em um modelo punitivo, o que está por trás das atitudes do adulto geralmente é: “eu sou o adulto e você deve satisfazer minhas vontades” ou “eu sei melhor que você por isso me obedeça”. São pensamentos autoritários que muitas vezes carecem de uma saída mais criativa para que ambos os lados saiam satisfeitos – mecanismo do “ganha-ganha” ao invés do “ganha-perde”.

Já em um modelo permissivo, no qual a criança conseguia tudo que queria e careceu do estabelecimento de limites, os efeitos na adolescência podem ser piores do que os encontrados no modelo punitivo. Isso porque o adolescente não desenvolveu crenças em sua própria capacidade e resiliência. Ele desenvolveu, em contrapartida, um senso de que deve ser servido e que nada ao redor o satisfaz. Não aprendeu importantes habilidades como auto disciplina, responsabilidade, respeito pelos outros e cooperação.

Dessa forma, a Disciplina Positiva vem a contribuir de modo a ser um equilíbrio entre o “Firme e Gentil”, que é uma alternativa entre os dois opostos mencionados anteriormente.

E como isso funciona na prática com o adolescente?

  • Decida o que você irá fazer e faça isso ao invés de decidir o que o adolescente irá fazer. Exemplo: “Quando a mesa estiver pronta, eu vou servir o jantar”. “Eu vou ajudá-lo com a lição de casa às terças e quintas mas não de última hora”.
  • Controle o seu comportamento. Exemplo: Crie o seu próprio espaço para se acalmar (pausa positiva) e avise seus filhos quando você precisar usá-lo.
  • Tarefas domésticas. Exemplo: Faça uma lista das tarefas juntos; crie uma maneira divertida de revezamento (um pote contendo as tarefas para “pescar” ou uma roda de tarefas).
  • Foquem em soluções. Exemplo: Identifique o problema; pensem juntos no maior número de soluções possíveis; escolham juntos uma solução que todos aceitem; testem a solução por 1 semana; após isso avaliem. Caso não tenha funcionado comecem novamente.
  • Encoraje. Exemplo: Crie conexão antes de corrigir (olho no olho / abraço). Acredite na capacidade do adolescente de resolução de conflitos e manejo das próprias emoções.
  • Gentil e firme. Exemplo: Eu te amo e a resposta é não. Eu sei que não quer limpar seu quarto “e” podemos fazer isso juntos. Dizer: “eu não posso obriga-lo, e eu gostaria da sua ajuda”.
  • Diga como você se sente.

Confie no adolescente para ele/ela ser quem ele/ela de fato é. Isso o(a) ajudará a se sentir pertencente à família e importante enquanto um(a) contribuidor(a) para a casa. Lembre-se sempre de ter em mente as habilidades que deseja desenvolver, assim terá em mãos uma ótima ferramenta para encontrar saídas criativas na hora de resolver um problema.

Espero ter contribuído com o seu processo de crescimento enquanto pai e mãe de adolescentes e que sempre acredite em você mesmo e no enorme potencial do seu / da sua adolescente!

Um abraço e até o próximo conteúdo!

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